top of page

O racismo no Brasil acontece de forma velada, e a principal barreira a ser vencida é a da invisibilidade.  Existe um processo histórico de que o valor vem de fora e o padrão de sociedade também, são 500 anos de história a serem “descontruídos”.“Eu acredito na força do movimento social, no empenho de alguns educadores, que cada brasileiro(a) negro que tiver noção da importância da sua cor na construção desse país possa se tornar mais um soldado nessa guerra invisível,” diz a Socióloga e escritora renomada Islene Mattos .  

De acordo com uma pesquisa da Unilever, realizada pela Kantar WorldPanel em 2012, 51,4% das brasileiras têm os cabelos originalmente cacheados ou crespos. 
Mas o formato ideal ainda divide opiniões:

Quem Somos
Nossos Sabores
texto

Empoderamento Dos Cachos e Crespos

    O cabelo geralmente é ligado à beleza, como um ornamento para o rosto, mas também pode ser usado como forma de expressão e resistência. O Brasil é um país miscigenado, onde 52% da população é negra, e ainda assim, segue um padrão euro centralizado. Um país rico em diversidade, porém onde as mulheres de cabelos cacheados e crespos ainda sofrem preconceito.

   O movimento pró cabelo natural é uma ação de redenção, que busca formular outro olhar sobre a negritude. A partir do momento em que as meninas pararam de se deixar influenciar pelo que elas viam nas mídias, uma maioria esmagadora de garotas brancas e de cabelo liso. A partir dai, começa uma luta contra o que é colocado como belo, perceber que o cabelo afro tem volume e coroa o rosto.

   Mas a sociedade cobra, e então surgem perguntas como: “por que você não faz uma chapinha? Por que não alisa o seu cabelo?” Julgam o que é belo ou não, e até reafirmam preconceitos, como por exemplo, a dificuldade de conseguir um emprego tendo o cabelo afro. A socióloga Islene Motta sente na pele essa realidade: “Eu admiro muito as meninas que começaram esse movimento e eu sou adepta, porque até dentro da família isso acontece, mas eu não tenho a necessidade de ter o meu cabelo balançando ao vento, eu gosto de ter o meu rosto coroado pelo meu cabelo”.

infográfico

Paraíso

BRIGADEIROS

galeria

MOVIMENTO PRÓ CABELO NATURAL

Scroll Down

É o caso de Milena Wainer, "cacheada" que se entregou aos tratamentos capilares. "Eu tinha os cabelos naturais até 13 anos, mas eu era bem 'zoada' e não me sentia aceita pelos meus amigos". Com o tempo ela achou que a química poderia ajudar. Então, ela decidiu fazer escova progressiva, relaxamento e vários processos que depois de um tempo, foram enfraquecendo o seu cabelo.

 

Milena lembra também que já sofreu preconceito de um

professor:

Ele passou um trabalho de fotografia, em que o tema era sobre cabelos, e eu resolvi mostrar um cacheado e natural. Ele falou que o que eu levei não era um padrão da sociedade. Perguntei o que significava para ele “padrão da sociedade”, então ele me disse: 'O que você acha? Um cabelo liso'

      Para a Socióloga Betânia Cassia, alguns setores da sociedade já aceitam e as tratam como iguais, porém afirma: "infelizmente a estrutura da sociedade brasileira é patriarcalista e com mão de obra escrava, então muitas pessoas veem o negro e a mulher como inferior do que o homem. Ainda tem muito caminho a ser percorrido". Ela explica que hoje com toda resistência e empoderamento, elas se apoderam da identidade delas de negras e mulheres, mas mesmo fazendo parte de mais de 50% cento da população, muitas vezes ainda são marginalizadas.

       As meninas que usam cachos, têm uma identidade e se reconhecem e identificam como negras. "Elas se apoderam disso e usam seus cabelos naturais". Para ela, a mídia tem ajudado nessa aceitação: "Há algumas décadas, tinham alguns grupos como Jackson 5, Djavan, que usavam as trancinha e cabelos crespos. Naquele contesto muita gente começou a usar. Hoje os cachos estão com força total, e eu adoro!".

   

     Para Milena, a mídia tem ajudado bastante, apostando em modelos negras e de cabelos cacheados ou crespos, além das marcas que têm investido em produtos específicos para seus tipos de cabelo. E ela afirma, que essa influência ajuda principalmente no período de mudança: "antigamente era muito precário, e agora isso favorece na transição capilar. Na minha época foi difícil já que não tinha tanto recursos como existe hoje. Isso é muito bom para essa fase que é complicada e exige muita paciência. Mas com calma tudo se encaixa!".

Jeniffer Lucas também foi adepta dos processos químicos por alguns anos, graças ao "bullying" que sofreu. "Teve uma vez que cheguei na escola e tinha uma boneca com cabelo igual uma vassoura desenhado no quadro. Eu ficava triste, mas segui em frente".

Jeniffer confessa que foi muito difícil o período de transição: "Meu cabelo tinha duas texturas, e as pessoas nas ruas me olhavam como monstro. Mas eu sempre fui focada em tudo que eu queria e consegui! Agora está sendo maravilhoso. As pessoas elogiam, mais gostam do que desgostam", conta satisfeita com o resultado volumoso que ela desejava ter de novo.

Milena conta que passou a se aceitar quando teve queda de cabelo e precisou fazer transição capilar, nome dado ao período de mudança entre a química e a volta dos cabelos naturais. "Tive que cortar meu cabelo bem curto para crescer de novo. Foi quando eu vi que não precisava de química no meu cabelo e comecei a me aceitar. Se Deus me fez assim eu tenho que me aceitar da maneira que eu sou".

Milena hoje tem um blog que surgiu por conta de um trabalho de faculdade, chamado de "Mundo Cachos", voltado para beleza afro. "Eu percebi que foi crescendo e fui dando continuidade. O que me motiva a continuar é saber que estou ajudando outras meninas que estão passando pela transição, a se aceitarem do jeito que são". Graças ao blog, ela recebeu um convite para participar de uma campanha da Garnier “Poder de Vantagens - Cachos Poderosos” que trata o Empoderamento das mulheres, o que as cacheadas passam.

Socióloga Betânia de Cassia fala sobre o movimento pró cabelo natural

Os diversos tipos de cabelos

Cacheados e Crespos

Sobre as cacheadas e crespas, Milena fala com entusiasmo: “a tendência é aumentar. As meninas se cansaram de serem reféns de chapinha e secador. Hoje existem tantas dicas para cuidar do cabelo e desmistificando que a escova progressiva faz bem aos fios, e que a química já não é tão necessária”.

"Algumas empresas já perceberam que é necessário apostar nesses produtos e campanhas voltadas à essas mulheres", afirma a Socióloga. Ela conta que onde leciona, na escola pública, quase não têm menina de cabelo liso, a maioria é crespa ou cacheada, e elas têm dificuldade em achar maquiagem para seu tom de pele, ou creme de cabelo específico. Para Jeniffer, hoje a diversidade já é grande. Ela gosta da interatividade que algumas marcas têm de fazer o produto que o público quer.

Milena hoje tem um blog que surgiu por conta de um trabalho de faculdade, chamado de "Mundo Cachos", voltado para beleza afro.

"Eu percebi que foi crescendo e fui dando continuidade. O que me motiva a continuar é saber que estou ajudando outras meninas que estão passando pela transição, a se aceitarem do jeito que são". Graças ao blog, ela recebeu um convite para participar de uma campanha da Garnier “Poder de Vantagens - Cachos Poderosos” que trata o Empoderamento das mulheres, o que as cacheadas passam.

Sobre as cacheadas e crespas, Milena fala com entusiasmo: “a tendência é aumentar. As meninas se cansaram de serem reféns de chapinha e secador. Hoje existem tantas dicas para cuidar do cabelo e desmistificando que a escova progressiva faz bem aos fios, e que a química já não é tão necessária”, conta ela.

bottom of page